ZEFERINO P. FREITAS FAGUNDES
( Brasil – RIO GRANDE DO SUL )
Nasceu na cidade de Porto Alegre / RS em 1932 e faleceu em 1989, na mesma cidade. Por décadas foi professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde aposentou-se.
Foi poeta, cronista, cronista, professor, advogado, compositor, crítico literário e de arte,
Colaborou em vários órgãos de imprensa.
Recebeu o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras, sem 1983. Pertenceu, entre outras, às seguintes entidades culturais: Academia Sul-Brasileira de Letras, Academia Porto-Alegrense de Letras, Associação Brasileira de Crítica Literária, Academia Alceu Wamosy, Associación de Escritores del Interior (Uruguai).
Publicou duas importantes obras poéticas publicadas: Ode anacreôntica (1981), Diário de bordo (19850. A publicação destes poemas é uma homenagem de gratidão ao seu amigo Rossyr Berny.
BERNY, Rossyr, org. Poetas pela Paz e Justiça Social. Coletânea Literária. Vol. II. Porto Alegre: Alcance, 2010. 208 p. ISBN 978-85-7592-098-5
Ex. biblioteca de Antonio Miranda – doação do amigo (livreiro) Brito – DF. No. 10 249
Importante: existem mais poemas do que os apresentados aqui, neste livro tão bem apresentado, vale a pena conferir...
Mágoa
Só resta a palavra
E este desespero
de te haver perdido
sem saber quem és;
e o caminho
longamente andado,
em vão, mas se eras
a exala formulação.
a desde sempre esperada.
a via, a vida, as Belezas,
tudo. Só o olhar
vazio. Só as pombas imóveis
no alto beiral. O testemunho
mudo do consequente nada.
Da Eternidade vislumbrada
num segundo. O caudaloso rio
do Desencanto,
pelo que deveria ter sido.
O mundo
que o teu olhar prometia: Perdido.
Aqueduto
A paisagem gris é verde. Teus dedos
Por ela andaram.
Cegos. E sobre os arcos
Ainda cego caminham. Perguntando pela água
cantando.
Perguntando pelo espaço
De ir e vir:
Mas o espaço é só de ir:
Quem vier tem que esperar.
Teus dedos ferem a marmórea tecla
De gota de sangue, sobre o alguidar:
Sobre o bastidor. Mas Hermínia esquecida
Borda cântaros e cacatuas,
Entre junquilhos, madressilvas e camélias,
Nos confins de Santa Tereza.
O bonde passa
A noite cai.
Infância
Colocarei na Encruzilhada
O meu pedido, e sete velas
Brancas. E queimarei incenso nela,
E almíscar, e âmbar
E algas
E liquens
A lápis-lazúli e ônix.
Porei tudo no pombo-correio
E quando a tarde for morrendo,
Sobre o Guaíba,
O incêndio das águas lembrará a criança
Que fui.
Bem haja o pássaro marítimo
que então —
vindo de onde? —
revoe tudo,
e cerre os olhos sobre nós
sempre menores na distância.
Nua
Sobre o banco-ramo e avenca. Sopro,
Pássaro no ar. Como se fosse
Num suspiro subir. Por aquele ramo,
Por aquele remo, por aquele rumo,
Por aquele laço
De veludo ou seda, no vitral lilás;
De veludo-vidro, na floresta-chão,
sob os pés de seda dos poetas e infantes
e artista a imitar:
como um espelho
de ametista.
O mármore da mesa, branca lua,
Colhe os pássaros no ar.
*
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Página publicada em maio de 2025.
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